Editorial

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No VIII Encontro Nacional de Filosofia da ANPOF uma nova diretoria foi eleita e é nossa responsabilidade expor aos colegas nossos propósitos de ação.

Antes de mais nada, é preciso salientar a importância da diretoria anterior e afirmar aqui nossa intenção de dar continuidade ao que vinha sendo realizado, pois um dos males mais terríveis do Brasil é a descontinuidade das gestões públicas. Afirmar a continuidade significa continuar o trabalho de integração e participação, de intervenção junto às agências de fomento à pesquisa e manter as publicações. Ao mesmo tempo, como salienta o último editorial da diretoria que nos precedeu, a ANPOF cresceu, institucionalizou-se nacionalmente, é uma força cultural no país e isso pede algumas inovações que respondam a tais mudanças.

Nossa gestão estará assentada sobre dois pilares: a) a reorganização interna dos trabalhos da Associação para que os resultados de pesquisa possam ser melhor apresentados e aquilatados em nossos Encontros Nacionais; b) o fortalecimento institucional e acadêmico do sistema de pós-graduações existentes e recém-instaladas e com orientação e assessoria para projetos de instalação de novas pós-graduações em filosofia.

No que respeita ao primeiro ponto, cremos que duas ações poderão contribuir para realizá-la a contento: a criação dos Grupos de Trabalho (GTs), que integrarão pesquisadores de diferentes instituições e diferentes regiões do país; uma política de informação mais constante e abrangente que constitua um banco de dados para todos os associados (o que se torna ainda mais importante com a criação dos GTs, pois um banco de dados atualizado contribuirá para que todos possam propor grupos, decidir a entrar em algum grupo já existente, e orientar a diretoria no momento de organizar o próximo Encontro Nacional).

No que respeita ao segundo ponto, pensamos que as seguintes ações podem pô-lo em prática: 1) a ANPOF como mediadora de relações entre os vários cursos de pós-graduação (sugerindo intercâmbios, parcerias, auxílio mútuo, divulgação de resultados de trabalhos); também como mediadora entre cursos já consolidados para que auxiliem os que estão em fase de implantação e de consolidação, expondo suas experiências, dificuldades e sucessos, enviando professores visitantes, colaborando com assessorias para instalação de bibliotecas, recebendo bolsistas, etc.; 2) presença da ANPOF junto às agências de fomento à pesquisa para garantir diferentes formas de financiamento que assegurem não só a manutenção, mas também a ampliação das pós-graduações já consolidadas ou em vias de consolidação. Quanto à instalação de novas pós-graduações, a ANPOF pode fazer-se presente auxiliando na avaliação dos departamentos quanto às condições para instalação de uma pós-graduação, além de propiciar visitas de professores de outros cursos que transmitam suas experiências e auxiliem na formulação de currículos, instalação de bibliotecas, política de bolsas, além de enviar professores para ministrar cursos na fase inicial de instalação.

Essas propostas só se concretizarão se houver entendimento entre a Diretoria da Associação e as Coordenações de Pós-graduação, entendimento que pode ser alcançado por duas vias principais: pela descentralização da ANPOF e pela sistematicidade e continuidade da informação em nível nacional. Descentralização: os Coordenadores terão como interlocutores diretos e imediatos os membros da Diretoria de sua região, com quem discutirão propostas de trabalho, dificuldades, discordâncias e concordâncias com propostas ou ações da Diretoria, necessidade de intervenção da presidência da ANPOF junto às agências de fomento à pesquisa, etc. Informação: não basta que a Diretoria informe aos associados sobre ações que pretende realizar e deles receba a concordância ou a discordância, o apoio ou a reformulação; é preciso sobretudo que as diferentes pós-graduações estejam informadas umas sobre as outras para que possam decidir ações conjuntas, dirimir divergências e dúvidas, propor e realizar intercâmbios.

Esse entendimento (que é papel da Diretoria estimular e assegurar) é, hoje, mais importante do que nunca, uma vez que a ANPOF cresceu e espraiou-se nacionalmente exatamente no momento em que a situação econômica do país e as mudanças na instituição universitária indicam que iremos atravessar tempos muito difíceis e de minguados recursos. Todos ganharemos se, em lugar do "reino animal do Espírito", não disputarmos entre nós como se luta por um espólio, mas soubermos criar estratégias para usarmos em conjunto e da maneira mais proveitosa os parcos meios que conseguirmos colocar à nossa disposição.

Para estimular o entendimento e estratégias de ação conjunta, o Boletim da ANPOF (que será reformulado e ampliado) será um dos instrumentos preferenciais, bastando que as Coordenações e os Grupos de Trabalho enviem sistemática e continuamente as informações para publicação. Abriremos, no Boletim, uma secção para relatos de experiências, exposição de opiniões e debates, a fim de que as condições e posições dos diferentes cursos possam ser conhecidas de todos e debatidas por todos. Não é preciso dizer a filósofos que o discurso, a expressão, a fala, a escrita, os debates e as discussões são essenciais para nossa Associação. Afinal, é esse o objeto de nosso trabalho e o patrono da filosofia não fez outra coisa senão conversar, pois ele sabia que os deuses não fizeram uma janela em nossos corações pela qual nossos pensamentos se fariam visíveis para os outros.


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