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Esse texto se refere a um memorando interno sobre as possíveis respostas da Microsoft ao fenômeno Linux e o movimento do software livre.

Este trecho é uma tradução da introdução ao texto feita por Eric Raymond, e inclui citações do texto original, comentários de Eric Raymond e alguns poucos comentários meus (Nelson Lago).

Eric Raymond é bastante conhecido no meio "freeware" por seu texto "The cathedral and the bazaar", que influiu na decisão da Netscape de abrir o código-fonte do "navigator". O texto completo está disponível (em Inglês) em http://www.opensource.org/halloween.html.

"FUD", citado no texto, significa "Fear, Uncertainty and Doubt" (medo, incerteza e dúvida). É uma técnica pela qual quem detém uma grande fatia de mercado consegue gerar inseguranças no mercado que impedem os usuários de escolher um produto concorrente. Por exemplo, "o Linux não possui interface gráfica", ou "o Linux não é seguro porque qualquer um pode alterar o programa" etc. As técnicas de FUD são bastante disseminadas no universo da informática.

Muitas pessoas propõem a Apple como uma alternativa à Microsoft, dada a grande dominação dela sobre o mercado de informática. No entanto, essa não é uma solução viável: a Apple demonstrou, no passado, o mesmo ímpeto de fechar protocolos e de utilizar técnicas de FUD, que por sinal são os últimos pontos de apoio de sua permanência no mercado ("o windows trava mais que o MacOS", "o Windows não é adequado para aplicações gráficas" etc). A única possibilidade de garantir um ambiente adequado de trabalho para o usuário de computador é através da manutenção de protocolos abertos. O UNIX, no passado, sofreu dos males das tentativas de fechamento de protocolos, e aprendeu com a lição: embora com ressalvas, os UNIXes hoje são bastante compatíveis entre si.

Um ponto importante a meu ver, que muitos críticos da Microsoft se esquecem, é que a Microsoft não é "o mal" em si; outras empresas na mesma situação provavelmente agiriam da mesma maneira. O ponto é a distinção entre o conhecimento (e o desenvolvimento) fechado e aberto, entre guardar ou espalhar as descobertas.

A Microsoft admitiu publicamente a autenticidade do documento, embora tenha tentado diminuir sua importância alegando ser apenas um estudo técnico, sem relação com a política da empresa; no entanto, a lista de colaboradores mencionada no final inclui algumas pessoas-chave da Microsoft.

Abaixo, alguns pontos importantes do texto:

  • O software aberto representa uma ameaça direta e a curto prazo contra a plataforma e o lucro da Microsoft, especialmente no tocante ao mercado de servidores. Além disso, o paralelismo intrínseco e o livre trânsito de idéias nos softwares abertos traz benefícios que não podem ser replicados pela nossa política atual de licença e, portanto, representam uma ameaça a longo prazo em termos do envolvimento de desenvolvedores.

  • Estudos de caso recentes (como a Internet) oferecem evidências bastante dramáticas (...) de que qualidade comercial pode ser alcançada/ultrapassada por projetos de software aberto.

  • Para entender como competir com o software aberto, devemos combater um processo, e não uma empresa.

  • O software aberto tem credibilidade a longo prazo (...) técnicas de FUD não podem ser usadas para combatê-lo.

  • O Linux e outros defensores do software aberto estão progressivamente dando credibilidade ao argumento que o software aberto é pelo menos tão robusto, se não mais, que as alternativas comerciais. A Internet é uma "vitrine" ideal e de alta visibilidade para o mundo do software aberto.

  • O Linux foi implementado em aplicações críticas, em ambientes comerciais com uma grande quantidade de testemunhos públicos. (...) o Linux tem performance superior a muitos outros UNIXes (...) o Linux está caminhando para dominar totalmente o mercado de UNIX para x86 (...)

  • O Linux pode ter sucesso enquanto os serviços e protocolos forem "commodities".

  • Os projetos de software aberto conseguiram abrir uma brecha em várias aplicações como servidores graças à grande utilidade de protocolos simples e "commoditizados". Ao extender esses protocolos e desenvolver novos protocolos, nós podemos bloquear a entrada de projetos de software aberto no mercado.

  • A habilidade dos projetos de software aberto em colecionar e potencializar o QI coletivo de milhares de indivíduos através da Internet é simplesmente incrível. Mais importante, o poder de "evangelização" dos projetos de software aberto cresce juntamente com a Internet, muito mais depressa que nossas próprios esforços de evangelização.

  • [O servidor web] Apache tem, por uma grande margem, o primeiro lugar no mercado de servidores web hoje. (...) em particular, essa vantagem de mercado nos traz as seguintes dificuldades competitivas: protocolo HTTP de "menor denominador comum" -- diminui nossas oportunidades de extender o protocolo para suportar novas aplicações.

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Eu creio que, de longe, a mais perigosa tática defendida nesse memorandum é representada pela sinistra expressão "de-comoditizar os protocolos".

Se a publicação desse documento não servir para nada mais, espero que pelo menos sirva como alerta a todos sobre a paralização da competição, a erosão da escolha do consumidor, o aumento de custos e o fechamento em um monopólio que esta tática implica.

O paralelo com a tentativa da Microsoft de desviar a linguagem Java, e suas tentativas de destruir o potencial de "programar uma vez, usar em qualquer lugar" desta tecnologia deve estar óbvio.

Para impedir o sucesso dessa tática, os defensores do software aberto devem enfatizar os seguintes pontos:

  • Os compradores gostam de estar num mercado de "commodities", mas os fornecedores não;

  • Serviços e protocolos como "commodities" são bons para os usuários: são mais baratos, promovem a competição e geram um bom leque de opções.

  • "Des-comoditizar" os protocolos significa reduzir opções, aumentar os preços e eliminar a competição. Assim, para que a Microsoft tenha sucesso, o consumidor tem que perder.

  • O software aberto incentiva - e depende de - protocolos e serviços como "commodities". Assim, está de acordo com o interesse dos consumidores.


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Última revisão: 10 de novembro de 1998.
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