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Neste Boletim gostaríamos de anunciar o lançamento do livro dedicado a Figuras do Racionalismo, que corresponde ao segundo volume da Coleção Conferências ANPOF, iniciada em 1997, com a publicação de Idéias de Subjetividade na Filosofia Moderna e Contemporânea, cujo objetivo é publicar com continuidade os textos apresentados pelos conferencistas convidados para os Encontros Nacionais de Filosofia realizados pela Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia.

A presente coletânea é composta por artigos que foram originalmente apresentados no VIII Encontro Nacional de Filosofia, realizado de 25 a 30 de setembro de 1998 em Caxambu (MG), pela ANPOF juntamente com Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência - UNICAMP, Departamento de Filosofia - FFLCH/USP e Departamento de Filosofia - IFCH/UNICAMP, aos quais queremos expressar os nossos mais sinceros agradecimentos pela eficientíssima organização do nosso Encontro. Em especial, gostaríamos de expressar nosso reconhecimento ao professor Dr. Oswaldo Giacoia Jr., presidente da ANPOF por ocasião do VIII Encontro, e aos membros do Comitê Organizador e Científico desse Encontro.

Com Figuras do Racionalismo a coleção de livros da ANPOF prossegue com seu segundo exemplar. Como no primeiro livro da série, este também publica artigos que foram, inicialmente, conferências pronunciadas durante o VIII Encontro Nacional de Filosofia da Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia.

Figuras do Racionalismo explora alguns avatares da razão moderna às voltas com sua difícil destinação: assegurar ou negar que a finitude tenha acesso positivo à realidade, sob a forma do conhecimento.

O artigo de Danilo Marcondes -- "O argumento do conhecimento criador e o ceticismo" – investiga o papel do ceticismo do século XVI para o surgimento da razão moderna, examinando o "argumento do conhecimento criador" que, se limita as pretensões da razão, também inicia um movimento de valorização da linguagem que abrirá caminho para a filosofia da linguagem contemporânea, particularmente a de tradição analítica.

O ensaio de Marilena Chaui – "Engenho e arte: a estrutura literária do Tratado da Emenda do Intelecto de Espinosa" – examina a estrutura do opúsculo espinosano como tratado moderno de medicina (ou de anatomia) em que se explicita a idéia seiscentista do método como lógica de purificação intelectual, a medicina mentis, que oferece à razão a via segura para o conhecimento filosófico e científico.

O trabalho de Franklin Leopoldo e Silva -- "A História da Filosofia na Teoria Crítica" –, tomando como referência a Teoria Crítica (notadamente Horkheimer), aborda o problema da identificação entre intelecção do mundo e justificação da realidade e examina as filosofias racionalistas do século XVII (particularmente a de Leibniz) como pretensão de integralidade e positividade que excluem da realidade o negativo.

O texto de G.G.Granger – "Crise da razão" – pontua os vários níveis e sentidos em que se pode falar numa crise da razão, isto é, que significa essa expressão do ponto de vista teórico, prático, epistêmico e ideológico, centrando sua análise no par continuidade/descontinuidade.

Stanley Cavell -- "Benjamin and Wittgenstein: signals and affinities" – responde à questão posta por um simpósio sobre Walter Benjamin: quais as contribuições de Benjamin para os campos de trabalho de diferentes estudiosos da filosofia? Tendo Wittgenstein como seu campo de trabalho, o autor buscou sinais e afinidades entre o filósofo das Investigações e o de Iluminações e O drama barroco alemão, dando particular ênfase às afinidades temáticas entre ambos, como o interesse pela criança, pela melancolia e, evidentemente, pela linguagem.

O artigo de Gordon Baker – "A vision of philosophy" – examina o texto de Waismann ("How I see philosophy", 1956), que compartilha as posições filosóficas de Wittgenstein no início dos anos 30. Contrariando a tradição interpretativa, para a qual o ensaio de Waismann seria uma comparação ou uma analogia entre análise conceitual e psicanálise, Baker procura esclarecer o que ali se entende por "nosso método" e resolver uma aparente aporia, qual seja, entre a idéia da essência da filosofia como liberdade e espontaneidade e a do método como descrição e esclarecimento da gramática de nossa linguagem.

Nesse painel, que se inicia com os limites da razão, passa pelo vigor racionalista dos seiscentos e chega aos novos limites e métodos da filosofia, tudo indica, a crermos no ensaio de Granger, que a razão sempre encontra força e caminho para ultrapassar as crises que ela mesma propõe e que são figuras do racionalismo.

Marilena Chaui

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