Espera
Meus dedos tão bem guardados
Por tantos anos parados
Hoje tão livres, alados,
Buscam suave os teclados
Que no seu corpo se escondem;
Tocam sonatas, baladas,
Prazeres que nos consomem,
Aquele lugar mais bonito
Que tantos anos guardei!
Quase que como num rito
Na beira da praia esperei
Sem nem no mar entrar
A espera de um luar
P'ra com você olhar!
Tantos gemidos guardei
P'ra com você libertar
Com as asas que vou voar!
Eu sei que vou escutar
Vou alegre receber
Serenata que não se fez
Em música não foi cantada,
Mas vai chegar uma vez
Toda em verso declamada,
Verso tirado de canto
P'ra consolar o meu pranto!
Pois não é que eu quero saber
De como é  seu querer,
Querer de poder saciar
O gozo de me beijar,
Prazer de boca molhada,
De beijo com meu sabor,
Divino poder do amor,
Que me faz dormir acordada,
Ou acordar desejosa?
Fantasia mais caprichosa,
De ter você em meus braços
Dona dos seus abraços!
Cante que eu quero saber
Se seu cantar é o meu,
Eu que se fosse você
Queria correr p'ra mim,
Você que se fosse eu
Cantava p'ra mim assim! 

Lulu


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