Eu, impregnada de vício
Tão suave suplício!
Impregnada de você
Tão viciada em você!
Vício de lhe amar,
Me entrego sem pensar!
Vício de lhe beijar,
Sentindo seu paladar,
Molhando a boca na sua,
Gosto de pele nua,
Doce mentol azul,
Banhando meu corpo nú!
Ouso querer o tormento
Deste mesmo pensamento
Que só você me traz
E machuca de tanta paz!
Tormento que me consome
Paz de dizer seu nome,
Prazer de lhe abraçar
Carinho de se derramar,
O seu olhar cá no meu
Que é como faz o mar
Que se desfaz no céu
Haja infindo horizonte!
Como minha mão na sua
Sua mão talvez encontre
Minha esperança nua
Despida de qualquer sonho
Como o sol se despe p'ra lua,
Sem saber se na mesa ponho
Um prato um copo de vinho
P'ra nossas bocas tingir
Qual sangue em lençol de linho!
Eu que nem sei fingir,
Posso dizer só o que quero
Tomar sua voz só p'ra mim
Qouví-lo dizendo sim,
De joelhos no altar espero,
Altar de lençois alugados
Cheirando como jasmim!


Lulu